14 Dec
14Dec

     Recentemente fui perguntado o que deverá ser determinante na decisão de voto no Brasil 2022. A resposta é mais complexa do que pode parecer. Em primeiro lugar, vai depender de qual cargo o candidato estará se candidatando. Em segundo lugar, os fatores definidos pela ciência política, que se aplicam de forma parcial no país ainda estarão valendo. E terceiro, 2022 não deve ser uma eleição crítica, como 2016 e 2018, mas também terá suas peculiaridades.

     Assim, é bom ficar atento ao que dizem analistas como Antônio Lavareda, que lembra que, pela primeira vez, um presidente outsider será candidato à reeleição. Os outros dois presidentes outsider sequer conseguiram terminar o mandato: Jânio Quadros e  Fernando Collor. O cientista político e pesquisador lembra também que Bolsonaro terá dessa vez o que não teve na primeira eleição: tempo de rádio e TV: cerca de 2,5 minutos e recursos abundante do Fundo Eleitoral: R$ 375 milhões.

     Por outro lado, não se pode deixar de levar em consideração as avaliações feitas pela DataFolha: reprovação de Bolsonaro está em 53%, 26% dos eleitores do atual presidente em 2018 o reprovam e o eleitor em 2022 vai levar mais em conta a questão da economia que de ideologia. Ou seja, se dinheiro, capilaridade e tempo de mídia voltam a valer, por outro lado a alta rejeição também.

     Cabe ainda lembrar que a clivagem, nem sempre aplicada de forma completa no Brasil, começa a valer cada vez mais. Os menos favorecidos começam a entender que Bolsonaro prejudica mais os pobres e ajuda mais os ricos. E, por isso, são os que mais avaliam negativamente sua gestão. Os nordestinos, da mesma forma, são os que mais querem a volta de Lula e as mulheres, também por perceberem o machismo exacerbado de Bolsonaro, são os eleitores que mais o rejeitam.

     Por fim, o pragmatismo político do eleitor médio, continua valendo. Mas de forma mais elaborada. Ele continua levando em conta a renda de utilidade (avaliando benefícios provenientes da atuação do mandatário), mas já entende que milagres às vésperas das eleições faz o santo duvidar.

     De tal forma que é possível dizer que, independente do cargo que vai disputar, o eleitor vai estar levando em consideração ao votar os fatores sociológicos e de renda de utilidade, fazendo uma clivagem para escolher seu candidato. O perfil de honestidade, competência e experiência continuam valendo para a escolha; somado à reputação. E a avaliação da economia terá um peso grande neste pleito de 2022. Ainda mais em tempos de pós pandemia.

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.