18 Oct
18Oct

    Embora ainda tenhamos segundo turno em várias capitais brasileiras, os resultados do primeiro turno das eleições municipais de 2024 já apontam para um novo Brasil. Um país mais de centro-direita que de extrema-direita ou de esquerda. Em que a polarização esquerda direita ainda existe, mas está enfraquecida com uma nova disputa: extrema-direita x direita tradicional. 

     O Centrão, principalmente graças aos recursos das emendas impositivas, é o grande vitorioso deste pleito: governará 62% dos municípios brasileiros a partir de 2025. Liderado pelo PSD, que foi o partido que mais cresceu: já elegeu mais 216 prefeitos contra apenas 45 do MDB. Neste viés de alto crescimento aparece também o Partido Republicano, com 216 novos prefeitos. 

     Entre o que perderam nesta eleição, se destaca o PSDB, que perdeu 266 prefeituras. Alguns partidos da nova direita também diminuíram bastante. Leia-se PRD (criado da fusão do PTB e Patriota), que perdeu 191 prefeituras e Podemos, que perdeu 100 prefeituras. No centro, o maior perdedor foi o Solidariedade: menos 76 prefeituras. 

     A esquerda também amargou derrotas nas eleições de 2024. O PDT perdeu 172 prefeituras, o PV perdeu 31, o PCdoB perdeu 17, PSOL perdeu 5 e Rede perdeu duas administrações municipais. O PT, embora tenha apresentado um resultado pior que em 2020, ganhou 64 prefeituras. O mesmo aconteceu com o PSB, que ganhou 52 novas administrações municipais. Número maior que vários partidos de direita, como Avante (+ 52 prefeituras), Novo (+17) e até grandes partidos da direita tradicional, como PP (+ 45 prefeituras) e União Brasil (+10 prefeituras). 

     Para o segundo turno, o PL de Bolsonaro, que no primeiro turno elegeu mais 159 prefeitos, continua em vantagem em relação ao PT. O PL vai disputar o segundo turno em 8 capitais e o PT em apenas 4. PDT (em Aracajú) e Psol (em São Paulo) completam o bloco de esquerda na segunda etapa da disputa eleitoral, mas em franca desvantagem. 

     O balanço é que a direita se consolida na estrutura social, mas o país continua mais fisiológico que polarizado. Leia-se mais de centro que de extrema-direita ou esquerda. Além disso, estamos saindo do que Dahl chama de oligarquias competitivas para a poliarquia: o estágio máximo da democracia representativa, em que há a mais participação e competição. Assim, a polarização entre dois grupos de poder é pulverizada entre vários grupos; tanto à direita quanto à esquerda.       

     Prova disso é ver que houve uma derrota dos padrinhos políticos e religiosos: 6 em cada 10 prefeitos apoiados por Bolsonaro e seus seguidores foram derrotados; a bancada evangélica diminuiu no Rio de Janeiro. Por outro lado, a juventude do PT, grupo não hegemônico no partido dos trabalhadores, ganhou espaço em várias câmaras municipais; o MST elegeu 133 candidatos em 19 estados e 225 pessoas LGBTQIA+ foram eleitas em municípios brasileiros. Além disso, o PT dominou boa parte dos municípios mais indígenas, uma minoria que ganha força eleitoral desde as eleições de 2020.

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